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Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM): Sintomas, Causas e Tratamentos

Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino

Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino (DAEM): Sintomas, Causas e Tratamentos

(…) A terapia de reposição da testosterona hoje é considerada bastante eficaz e segura quando bem indicada (homem com sintomas e testosterona baixa no sangue). No entanto, o controle regular com o urologista é mandatório.

A menopausa feminina é caracterizada pela parada irreversível da ovulação, marcando o fim do período fértil da mulher. Em contraste, os homens não experimentam uma interrupção completa na produção de espermatozoides, sendo possível que alguns continuem a se reproduzir até a nona década de vida. Contudo, os homens sofrem um declínio gradual em suas funções hormonais, particularmente na diminuição dos níveis circulantes de testosterona e na produção de espermatozoides.

Entre os sintomas que podem estar presentes temos: diminuição da qualidade das ereções e aparecimento de disfunção erétil, diminuição de libido, alterações do orgasmo, ejaculação retardada, diminuição da força e massa muscular, aumento da gordura visceral, queda de cabelo e pelos, nervosismo, sonolência, fadiga e insônia, etc. Esses sintomas podem culminar em uma condição equivalente à menopausa feminina, frequentemente referida como “menopausa masculina”.

Embora o termo “menopausa masculina” seja amplamente utilizado, ele não é considerado o mais adequado. Alternativas como “climatério masculino” e “andropausa” foram propostas, mas “Distúrbio Androgênico do Envelhecimento Masculino – (DAEM)” é considerado mais apropriado.

Independentemente da terminologia, é consenso que o envelhecimento masculino está associado a uma diminuição da função testicular, levando a um declínio dos níveis de hormônio sexual e, consequentemente, a uma série de fatores que afetam negativamente a qualidade de vida do homem idoso.

A idade talvez seja o maior fator de risco, já que sabemos que a incidência do DAEM aumenta com a idade. Obesidade e a chamada Síndrome Metabólica também são fatores preponderantes e muito frequentemente associados ao DAEM. Prevenir ou controlar os fatores da Síndrome Metabólica, tais como obesidade, hipertensão, diabetes, dislipidemias (colesterol alto), vida sedentária, fumo, álcool em excesso, depressão, é muito importante.

Testosterona

A testosterona é um esteroide secretado pelas células de Leydig nos testículos. A secreção de testosterona começa na fase embrionária, atingindo um pico em torno de 12 semanas de gestação. Há outro pico logo após o nascimento, seguido por níveis baixos comparáveis aos das mulheres até a puberdade. Durante a puberdade, a secreção pulsátil de LH (hormônio luteinizante) promove a maturação das células de Leydig, resultando em um aumento na produção de testosterona.

A testosterona tem duas principais funções: a ação androgênica, que é responsável pelo desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários masculinos, e a ação anabolizante, que aumenta a massa muscular. Com o avanço da idade, os homens experimentam uma diminuição dos níveis de testosterona, cerca de 1% ao ano.

Embora a fertilidade masculina seja mantida na terceira idade, há um declínio na produção de espermatozoides, especialmente na motilidade dos espermatozoides. A variação entre os homens é significativa, com alguns idosos mantendo níveis de testosterona semelhantes aos de homens jovens. Isso confirma que, ao contrário das mulheres na menopausa, que sofrem falência ovariana, os testículos continuam a secretar andrógenos e a produzir gametas, preservando a fertilidade até o final da vida.

Apesar do consenso de que ocorre um declínio nos hormônios sexuais em homens idosos, independentemente de seu estado de saúde, fatores ambientais podem influenciar esse processo positivamente (estimulação) ou negativamente (supressão). Esses fatores incluem:

  • Físicos: temperatura, luz, ruído e irradiação.
  • Químicos: exposição a toxinas.
  • Biológicos: infecções por vírus e outros microorganismos.
  • Comportamentais: alcoolismo, tabagismo e uso de drogas alucinógenas.
  • Socioeconômicos: nutrição e higiene.

Além dos efeitos agudos, a repetição e o acúmulo desses fatores estressantes ao longo da vida levam a uma perda progressiva das funções fisiológicas. Homens com sequelas de doenças crônicas, como doenças cardiovasculares, pulmonares e hepáticas, geralmente apresentam níveis mais baixos de testosterona, e o declínio androgênico é mais rápido nessas circunstâncias.

Terapias de Reposição Exógena (TRT)

A Terapia de Reposição de Testosterona (TRT) pode ser administrada através de diferentes vias: oral, transdérmica ou intramuscular. Todas as preparações disponíveis comercialmente são consideradas eficazes e seguras.

No Brasil, as vias mais utilizadas são a parenteral (injeção intramuscular) e a transdérmica. As injeções podem ser as chamadas de curta ação, devendo ser injetadas a cada duas a quatro semanas (cipionato de testosterona e ésteres de testosterona) ou as de longa ação, que devem ser injetadas a cada três meses (undecilato de testosterona).

Via Oral

  • Undecanoato de testosterona: Absorvido pelo sistema linfático a partir do intestino e metabolizado em testosterona. Requer várias doses diárias devido à alta variabilidade de absorção e deve ser tomado após as refeições por sua lipossolubilidade. Tem poucos efeitos colaterais e um menor risco de policitemia em comparação com outras formas de administração.

Via Transdérmica

  • Gel de testosterona: Aproximando-se mais da fisiologia masculina, não produz níveis sub ou suprafisiológicos. É segura, bem tolerada e mantém níveis sanguíneos consistentes com aplicação diária. O gel hidroalcoólico a 1% deve ser aplicado em pele limpa e seca nos ombros, braços ou abdômen, liberando o hormônio continuamente por 24 horas. Recomenda-se lavar as mãos após a aplicação e evitar o contato com outras pessoas, além de aguardar 5 a 6 horas antes de tomar banho ou nadar. A dose inicial sugerida é de 5 g de gel a 1% aplicado uma vez ao dia.

Via Intramuscular

  • Curta ação: Cipionato, enantato, propionato e associação de ésteres de testosterona. Administradas a cada duas a quatro semanas em dosagens de 50 a 250 mg. Produzem níveis supra e subfisiológicos de testosterona, o que pode causar efeitos secundários como policitemia e ginecomastia.
  • Longa ação: Undecanoato de testosterona em ampolas de 1000 mg, recomendando-se um intervalo de 6 semanas entre a primeira e segunda injeção, e de 10-14 semanas nas subsequentes. Não apresenta níveis séricos supra ou subfisiológicos após administração, proporcionando bons resultados clínicos e laboratoriais com alto nível de segurança.

Estimulação da Produção Endógena

Para pacientes com DAEM que desejam preservar a fertilidade, uma vez que a testosterona exógena pode prejudicar a espermatogênese:

  • Gonadotrofina coriônica humana: Poucos estudos avaliaram seus efeitos, e os resultados são inconsistentes.
  • Citrato de clomifeno (CC): Mais comumente utilizado para estimular a produção endógena de testosterona, em doses de 25 a 50 mg por dia. Melhora a função hipofisária e testicular, elevando os níveis séricos do hormônio e a relação testosterona/estradiol. No entanto, a literatura disponível apresenta baixo nível de evidência, necessitando de estudos mais controlados.

Acompanhamento

  • Avaliação trimestral após o início do tratamento, e posteriormente a cada 6-12 meses.
  • Monitoramento: Níveis séricos de testosterona total (TT), melhora clínica, antígeno prostático específico (PSA), toque retal e hematócrito. Pacientes com alterações severas na concentração de glóbulos vermelhos devem ajustar a dosagem terapêutica, mudar a forma de tratamento ou suspendê-la.

Estas práticas garantem a segurança e eficácia do tratamento, proporcionando uma melhor qualidade de vida aos pacientes com DAEM.

A terapia de reposição da testosterona hoje é considerada bastante eficaz e segura quando bem indicada (homem com sintomas e testosterona baixa no sangue).

No entanto, o controle regular com o urologista é mandatório. Não existe idade limite para se iniciar o tratamento com reposição de testosterona e ainda não temos definido até quando fazer a Reposição de Testosterona, na maioria das vezes, mantemos o tratamento enquanto o paciente não apresentar sintomas que contra-indicam.

Não se deve dar testosterona a homens com níveis normais de testosterona no sangue assim como está contraindicado seu uso para aumentar massa muscular em academias de ginástica.

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Danilo Zambrana

Dr. Danilo Zambrana, é Andrologista em Santos especialista. Com ampla experiência e formação especializada em Andrologia e Medicina Sexual, ele oferece tratamentos personalizados para disfunção erétil, ejaculação precoce, estética genital e saúde da próstata. Descubra como recuperar sua vitalidade e qualidade de vida masculina com o Dr. Danilo

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